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domingo, 28 de julho de 2013

PENÉLOPE E A EXALTAÇÃO DO AMOR!



COM QUANTOS HERÓIS SE FAZ UMA HISTÓRIA? EM QUANTOS MOMENTOS SE EXALTA O AMOR?

Não se pode ler a história de Homero (A Odisséia), e se emocionar com as aventuras de Ulisses, sua bravura e seus feitos, porém, não se pode ler essa história sem falar do triunfo do amor.
Por cerca de vinte anos, Penélope, filha de Icário, esperou pacientemente o retorno de seu amado Ulisses, da guerra de Tróia, essa espera ocorre paralela a todos desfortunios do seu ente querido. Porém, a nobreza de Penélope, sua fidelidade, devoção e crença nesse amor, emociona até os dias de Hoje.

Imagina uma mulher acreditar durante vinte anos, que seu marido ainda estaria vivo, uma mulher bela, cortejada pelos mais belos e encantadores gregos. Acreditando que o Amor é uma vitória muito maior do que as circunstancias.


Ao ser pressionada pelo pai para desposar outro homem, ela não resistindo a pressão paterna impõe como condição tecer uma sudário para seu sogro. Então durante o dia ela tecia o mesmo, e durante a noite, desfazendo o que fez. Ao ser descoberta, não desistiu, diante de mais pressões, propôs que se desposaria com quem conseguisse encordoar o arco.

Após vinte anos, e tendo perdido todos seus homens e embarcações, Ulisses chega a seu lar, irreconhecível como um mendigo, destruído pelas desventuras, descobre a historia do arco, se propõe a encordoa-lo e consegue ficando finalmente com sua esposa amada.

Uma historia de lutas, de dores, de esperança. A metáfora de Penélope ao tecer o sudário fala de nos todos os dias tecendo a vida, com um segredo maior dentro de nos. Às vezes tecer algo é somente um engodo para um objetivo maior, daquele que é sábio. Uma mulher com um segredo, o seu amor por um homem, com paciência, com persistência, crendo que o amor vale a pena.

A historia do arco de Ulisses nos fala, que por mais que outros tentem, somente uma pessoa pode nos fazer feliz, somente ele (ou ela) sabe o segredo, sabe a historia.

Nesse mundo cotidiano, cibernético, frenético, enxergamos somente o momento, somos imediatistas, como se o Amor fosse uma formula mágica e instantânea. O amor é a crença na construção de algo, que só dois seres podem construir, a sua própria historia de amor.


Por isso, em tempos tão ortodoxos, as pessoas trocam de parceiros em busca dessa sensação perdida, do grande amor vivido, imediatistas, acreditam que a formula pode ser manipulada por qualquer pessoa. Então sucumbem a vários relacionamentos na esperança de alcançar, o que nunca encontrarão.

Porém, num multiverso,tão veloz, tão instantâneo, e cruel, como o sl, essa heroína nos serve como lição de que a espera é uma virtude, de que guerras estão sendo travadas, e que vale propor qualquer desafio na tentativa de ludibriar as tentações que parecem ser uma solução viável. O que torna uma historia de amor em grande , são as grandezas de atos na construção da  mesma, a renúncia do óbvio, a renuncia do fácil, a renuncia do aparente. O maior troféu do amor .e´a própria aventura em si. E não a chegada. A felicidade é a estrada, a crença do caminho certo: a recompensa.

E então vale a pena?

Um poema de Myrian Fraga:
Há os que partem
E os que tecem,
Na urdidura das sombras
É Penélope
Mais astuta que Ulisses?
Quem dirá na surdina
Do heroísmo dos pontos,
O selvagem pontear
Das agulhas na carne?
São pontos de um bordado
Que não cresce
Que se renova apenas
Do que tece e destrói
Nos dedos que noturnos
Desenlaçam
O fio das meadas.
No entanto esta tarde é
Como um barco
Onde me ausento
De mim, de meus cansados
Molhes de pedra.
A angústia é meu timão,
Meu astrolábio
Nesta inquieta jornada.


Um final improvável, Um final feliz!
Pode acontecer com qualquer um, pode acontecer com você!
Você acredita?


Coluna Crisvoz

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