O DIA DEPOIS DE AMANHÃ.

Vivemos nosso cotidiano acreditando que temos o controle de nossas próprias  histórias,buscamos sempre a satisfação pessoal como forma de consolo para nossa breve existência na terra. Enquanto fazemos planos...acertamos,erramos,ora sofrendo  com a derrota ou se alegrando com as vitórias em busca sempre de acertos para trazer sentido a existência e em nosso coração aquilo que achamos importante.

Para uns a luta será sempre aquele sonhado emprego o qual tanto se estudou, ou para uma mãe, ver sua família feliz e por isso luta cotidianamente, Para a grande maioria ou talvez a todos seja a procura eterna de ''o ser feliz'' ao lado da mulher amada, perseguindo essa busca constante da cara metade. Entao Deus disse: ''Não é bom que o homem esteja só''. E desde então, o homem procura dentro de sí,  ter alguém que seja essa companhia.

Mas porque será que quanto mais amamos, mais exigimos do ser amado? Ora é comum em relacionamentos não tão apaixonados que eles sejam mais duradouros, visto que não há uma exigência clara de ambos, visto que no fundo se sabe que não é aquilo que desejamos de verdade, então somos  tolerantes, compreensivos e amáveis.

Mas quando amamos, Haaa quando amamos.

Por que será que exigimos tanto do ser amado? Por que buscamos nele a perfeição que não existe em nós? Então qualquer falha não é aceita, qualquer erro, é um motivo para o fim do mundo.

Quando vemos casais verdadeiramente apaixonados, com freqüência se vê os motivos mais banais possíveis para o fim desses relacionamentos,  uma frase mal dita, um comportamento mal compreendido, são tantos motivos banais que as vezes pergunto:

- Vocês terminaram só por isso?

E aí William Shakespeare  tinha a maior razão:

Estas paixões violentas, têm fins violentos
Falecendo no triunfo, como fogo e pólvora
Que num beijo se consomem.

Faz sentido!!!
E o mais absurdo de ver nesse mundo maluco,é a quantidade de casais trocados, a quantidade de amores de mentira. Tudo se torna uma ciranda triste e louca, tão bem observada pelo grande Carlos Drumond de Andrade:
João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes, que não tinha entrado na história.

Quanta sabedoria do poeta!!! E sabe o que vemos por aí? São muitos J pintos Fernandes, que toleramos em nossas vidas, que podem errar, e em tudo são  tolerados pois nada havia deles na historia. A historia de amor construída  a história antes vivida, a linda história que por detalhes bobos, de orgulho, de birras, se acabaram, e então entra o  J Pinto Fernandes, e ganha de graça uma relação de uma pessoa maravilhosa, que simplesmente preferiu a segurança do J Pinto, do que a eternidade da verdade história de amor.

Que triste para o ser humano!

Como o outro poeta diz:

É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã!!

Perguntinha:

- Você seria tão exigente com seu amor, se não houvesse amanhã?

- Você implicaria tanto com suas falhas se soubesse que ele iria morrer?

Porque não viver esses momentos enquanto há tempo?  Enquanto a pessoa esta aqui com você, do que trocar isso pela amargura eterna dos arrependimentos,das historias não vividas ou vividas pela metade. Nada foi tão bom, quanto poderia ter sido. Mas, não se iluda, o coração só será feliz de verdade se for com o verdadeiro amor. Por mais que você teime, por mais que você obrigue, seu coração não irá te obedecer.

Quantas pessoas deixam em suas redes sociais mensagens do quanto estão felizes, do quanto estão satisfeitas. Será?

Não precisamos terminar a vida como Dom Casmurro,ou sendo mais um personagem da ciranda de Drummond. Arrependidos, tristes e conformados com pouco. 

Que lamentável um dia olhar pra trás e dizer: Meu Deus! Perdi tudo isso porque ela atrasou dez minutos? Ou então,  Nossa o perdi pois ele não concordava com minha ideologia política? Porque fiz isso comigo? Porque? Porque?Porque?

O verdadeiro amor lança fora todo o medo.

Portanto:

É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã, porque se você parar pra pensar, na verdade não há!

Né  não?

Coluna Crisvoz